sábado, 28 de novembro de 2009

Carisma e poder

Carisma e Poder - Texto do Delfim Netto, publicado em Carta Capital...muito bom
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=5430

Carisma e poder

12/11/2009 16:33:51

Delfim Netto

No jogo político moderno, mais do que em quaisquer outros, as imagens e palavras têm um efeito fantástico sobre o nosso comportamento. Disse “moderno” porque, antes de nossa “época”, alguns instrumentos adicionais (veneno, punhal...) eram utilizados, com efeitos também fantásticos, tão ou mais radicais, mas provavelmente menos eficientes... É isso que leva os políticos habilidosos a utilizarem-nas para manipular a opinião pública na direção que lhes convém. Uma palavra ou imagem bem escolhida tem o efeito de vírus transmissor de infecção.

No Brasil temos dois exemplos marcantes, modernamente se diria “emblemáticos”. Um foi o de Jânio Quadros, há apenas 59 anos. Com a imagem da “vassoura”, iria varrer “a corrupção que desgraçava este País”. A ideia era forte e o alvo, claro: os políticos corruptos e o funcionalismo público. Estes “deveriam servir e respeitar o povo que os sustenta, mas em lugar disso o humilham e servem-se dele”.

Diligente e inteligente administrador, e ainda melhor ator, tão logo eleito prefeito de São Paulo (por grande maioria, mas puro acidente), criou a “administração-espetáculo”, que o transportou, em nove anos, numa carreira meteórica, de político desconhecido, de vereador a prefeito (1953-1954), a governador de São Paulo (1955-1959) e a presidente do Brasil (1961). Em 1953, demitiu em massa funcionários municipais com retumbante sucesso popular. Em 1955, fez o mesmo no funcionalismo estadual. Segundo Jânio, “cada pontapé” dado no funcionalismo público lhe rendia “10 mil votos...” Uma ideia simples, mas forte: combater a corrupção, objetivada num alvo indefeso, fácil de localizar e odiado (ou invejado?) pela sociedade.

O outro exemplo, este de “ontem”, é Fernando Collor. Com o mesmo mote de combater a corrupção, mas agora com um alvo difuso – o “marajá” –, mobilizou a sociedade brasileira com o mesmo desprezo de Jânio pela estrutura política e partidária. Mas quem era o “marajá”? A habilidade da mensagem foi identificar, em cada mente simples, o “marajá” como o seu desafeto mais próximo. Uma ideia arrebatadora transformou, em poucos meses, um inteligente, mas pouco conhecido, político alagoano em presidente da República. No final, talvez os dois tenham sido vítimas da mesma doença: 1.
Seu espetacular sucesso. 2. Sua imaturidade. Quando renunciou, de forma muito mal esclarecida, Jânio tinha 44 anos. Quando foi cassado, num jogo político até hoje bem escondido, Collor tinha 43.

Todo esse longo introito é apenas para lembrar como as palavras têm força. É por isso que uma questão puramente acadêmica (talvez de escolástica-medieval, saber se a economia entrou ou não numa recessão) adquiriu contorno e significado politicamente transcendentes. Os fatos estão aí. Houve, em 2008 e início de 2009, uma queda no nível do emprego e do nível de atividade no Brasil, acompanhando a liquefação de toda a economia mundial e ameaçando transformar a marolinha de Lula num “apagão” que afinal não houve.

Naqueles momentos, não eram muitas as pessoas que esperavam respostas do governo na direção correta e ‘muitos mais’ (obviamente, a “burguesia endinheirada”) simplesmente descriam da capacidade do presidente de lidar com problemas altamente sofisticados que haviam embananado a linguagem e ofuscado as imagens de boa parte da academia mundial.

Não tenhamos dúvida de que sua imagem seria oferecida na próxima campanha eleitoral em 2010, não como “marajá” ou “corrupto” (que o povo sabe que ele nunca foi), mas como o legítimo espécime daquela “raça” que nós “elegemos por engano”. Peço desculpas aos leitores, pois ouvi essas expressões tão “politicamente corretas” num salão nobre, de gente que obviamente nunca viajou num “pau de arara”.

Pensei se, na verdade, existiria uma forma maior de, ainda menino, conhecer o chão de seu país e o ânimo de sua gente do que vencer 2 mil quilômetros de estradas poeirentas a bordo de um legítimo “pau de arara”? Depois, enfrentar um piso de fábrica, terminar um curso do Senai, desafiar o humor de um regime autoritário e criar o maior sindicato obreiro do Hemisfério Sul? Finalmente, sem passar pela academia, sem ao menos ler Gramsci, Althusser, Keynes ou Schumpeter, tornar-se o “cara” que conduziu o grande país a vencer a recessão antes da maioria dos principais protagonistas globais?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Para não dizer que só falei de amores...

É extremamente desagradável quando descobrimos que alguém é isso ou é aquilo, rotular, classificar, resumir... Todas essas definições são apenas uma redução da grande estrutura complexa que é o ser humano. Bom, e por medo de que eu mesmo pudesse ser fruto de uma redução da minha própria forma de me mostrar, resolvi escrever um texto que te início eu só sabia o título: “Para não dizer que só falei de amores”, afinal é tão chato quando alguém fica bitolado a um mundo idílico e sofredor do que seja o amor. Porém, o texto tão pouco poderia ser o não-amor, afinal, se usarmos a dialética, o contrario é uma etapa de existência do seu par antagônico, e aí eu cairia no mesmo conto original e voltaria a falar de amor... Mas, então, eu pensei e comecei a me perguntar: Como um texto que se chama – Para não dizer que só falei de amores - pode ter outro conteúdo que não seja o amor? Ainda que esse amor esteja disfarçado de amor próprio, e por isso mesmo retórico e categórico em afirmar o amor que se sente não é amor, e que o amor que se escreve enquanto texto não é o mesmo amor que se escreve enquanto história, não adianta o amor é o amor e aí a gente começa a ser vazio e pequeno quando o tenta negar, porque no final das contas nenhum argumento é capaz de descategorizar esse sentimento que por si só já é composto de contradições... Para não dize que só falei de amores acaba sendo o texto do blog com mais conteúdo expresso sobre o amor, e o danado é que essa coisa de amar é tão gostosa que a gente quando não está amando só quer pensar em amar, e quando está amando faz de tudo pra manter o sentimento igual à primeira vez que ele foi despertado... eu ainda estou buscando ele...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O problema é a tal da sintonia...

Tudo que qualquer pessoa deseja na vida é encontrar alguém que lhe escute, que ajude a resolver seus problemas, que esteja disposto a crescer com você, não apenas crescer profissionalmente, mas crescimento como maturidade de relacionamento. Infelizmente, a vida é uma loucura e quando encontramos alguém assim aparece aquele velho problema típico dos rádios AM e FM da época dos nossos parentes mais distantes, a tal da sintonia. ... Particularmente estou em uma fase de não querer aventuras, e muitas vezes, disse que o melhor seria encontrar alguém mais experiente, acontece que encontrei, do jeito que eu queria, desejava, sonhava e esperava ... Mas, e a tal da sintonia? Estou sendo amado, sinto o amor nos olhos, nos gestos, na maneira como fala, como cuida, como respira, mas, porque será que não é recíproco? Por que será que a gente só gosta de quem não presta?
Estou naquela de não mais buscar algo avassalador, eu vou aproveitar essa sinceridade de sentimento e tentar acomodar dentro de mim...vamos ver se eu consigo!

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

..Boletim Medellín Vol. 2

O segundo Boletim Medellín sem sombra de dúvidas vem com bem menos detalhes e bem menos novidades que o primeiro, afinal de contas o cotidiano e as relações de construção do espaço coletivo fazem com que tudo que era contemplação e deslumbramento no primeiro momento se converta na ordem do dia ou na necessidade de se estabelecer relações de reprodução das necessidades vitais. Por isso, tenho a plena certeza que os meus olhos do agora são bem menos sensíveis às modificações que os olhos do primeiro boletim, entretanto, isso não invalida a minha condição de estrangeiro, quase estranho, longe da minha terra pátria.
Uma das coisas mais interessantes para se analisar quando somos estranhos na cultura do outro é à força dos vínculos e das construções coletivas sobre os mesmos signos, símbolos e valores. É como estrangeiro que, no nosso caso de brasileiros, mais sentimos a necessidade do verde-amarelismo. Essa coisa louca que não tem materialidade, mas, exerce uma influência pragmática indiscutível. É esse movimento que faz com que os semelhantes (compatriotas) se identifiquem e se reconheçam ainda que completos ignorantes da intimidade alheia, mas, que se permitem aprofundar em contatos e descobrimentos distintos de estranhamento por que sabem que no fundo, na essência ou nas características mais intimas compartilham os mesmos códigos, valores sociais e memórias coletivas.
A beleza de sair de casa e não encontrar mais dos mesmos é tão grande que o estranhamento é diretamente proporcional a essa abertura cultural. Ter que provar a todo instante que os fluxos de raciocínio e a maneira de sistematizar os pensamentos obedecem a um conjunto de regras é instigante, renovador e revigorador. Contudo, perde-se muito da capacidade de justificação, pois, as experiências espaciais, sociais e afetivas não refletem necessariamente o mesmo sentido de pertencimento e inclusão que se tem quando se compartilha os conteúdos da pátria materna. Principalmente por isso, é cada vez mais claro e necessário o respeito que eu sinto pelos professores que ajudaram a formar o meu background acadêmico, porém compartilhavam a mesma nacionalidade. Viver na pátria alheia é muito estranho, mas, ter que ensinar sob outros caldos culturais é ainda mais desafiador e revelador de fragilidades e necessidades de ampliação dos argumentos e do embasamento teórico.
Dessa maneira é que as atividades do cotidiano se preenchem de sentidos, afinal o sentido último das coisas não está revelado no aparente, mas, sim naquilo que é de mais essencial e está, indiscutivelmente, invisível aos olhos. Descobrir um país é antes de tudo mergulhar nos seus conteúdos históricos; é subverter a lógica desigual do controle do idioma; é construir relações sociais e espaciais que revelem os signos do estranho, mas, que revele interesse no mundo novo.
Ir à Universidade, preparar aulas, acordar cedo, pegar o metro, pesquisar nos livros e na internet, se relacionar com as pessoas, dar aula, realizar pesquisas, orientar alunos, sugerir bibliografia, receber nova bibliografia... Nada disso tem sentido se o sentido anterior a tudo isso não está revelado. Se a intenção primeira das coisas não está revelada, então, o conteúdo e os resultados sempre serão manipulados por aqueles que detêm o conhecimento dos processos. Essa é a eterna busca, essa é a necessidade de reflexão: Entender o conteúdo oculto para poder converter a prática em algo que tenha sentido para aqueles que se apropriam das teorias.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

...tudo é mistério, desejo e medo...

A coisa mais louca de se apaixonar é que a gente entra em um terreno insólito, cheio de contradições e inseguranças. Mas, agora imagina: o que é se apaixonar por alguém que você só conhece através da net? Seria essa a mais insólita, das insólitas experiências... Não sei, estou confuso de verdade, mas, gostando de me sentir envolvido em um sentimento novo que até pouco tempo era para mim sinônimo de abandono, sofrimento, tristeza e espera.
O mais louco em se apaixonar através de bits e bites é saber que alguns amigos conhecem a figura e recomendam, na verdade garantem o padrão de qualidade do caráter... Até dizem: “ownn que bonitinho seria vocês juntos”. Mas, a grande questão é: O que eu faço com isso tudo? ... É um mistério, e por ser mistério é que se torna tão sexy, tão intenso, tão cheio de desejos, vontades... Estou em uma encruzilhada... quero, creio que queremos...mas, como fazemos?....

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Feira do Livro...

Desde o dia 11 de setembro acontece no Jardim Botânico de Medellín a Fiesta del libro y de la cultura. É um evento muito interessante, principalmente por causa do local onde está montado. O jardim botânico apesar de não ser tão grande é um ambiente bastante tranqüilo e bonito, consegue comportar uma variedade interessante de espécie e é sem dúvida um dos espaços públicos que mais proporciona o encontro e a tranqüilidade.
Na feira, além das várias editoras e livrarias que apresentam os últimos lançamentos e os livros mais clássicos , há também um espaço para os momentos lúdicos com circos bibliotecas, espaço para contar histórias e espaço de descanso e laser. De verdade foi uma tarde incrível deu para me conectar comigo mesmo, mais uma vez. Ainda mais que ter a companhia dos meus autores favoritos sempre me deixa feliz, ou seja, gastei horas imensas revendo os resumos, os títulos e as diversas edições da coleção do Foucault, descobri alguns livros do Deepak Chopra que eu não conhecia, além de alguns clássicos como os de Lacan, Freud, Heidegger, Milton Santos, Feuerbach, Bauman, Gramsci dentre tantosss outros, foi realmente um capítulo a parte na coleção dos meus domingos.
Saudades de tudo e de todos.

terça-feira, 8 de setembro de 2009

....

Comunicar as experiências é sempre um exercício bastante complicado, principalmente quando estão misturados emoções, desejos, etc... Acaba que tudo vira um garrancho em que a gente pensa que comunica, mas, na verdade, apenas expõe alguns sentimentos que na maioria das vezes vai ser entendido de maneira parcial pelas pessoas, e sempre controlado pela dose de saudade, empatia ou antipatia. É sempre assim que as coisas são. Por isso, gostaria de antecipar que estou muito feliz, e tenho certeza que não havia lugar melhor para estar, senão aqui, sob essas circunstâncias e sob a influência desse tempo histórico que vivo. Tendo isso claro, posso relatar, então que passar o aniversário longe de casa foi bastante complicado, ainda que repleto do carinho daqueles que estavam ao meu redor, sempre falta à família e infelizmente, infelizmente porque não sou correspondido, a atenção de quem a gente ama. Mas, processos sentimentais a parte, creio que o mais difícil é não ter os amigos por perto, até aqueles mais chatos que a gente gosta, mas, não sabe por que, até esses fazem faltam. Fez falta no aniversário, mas, fazem mais falta no cotidiano, na descoberta de novos gostos e na impossibilidade de compartilhá-los. Vivemos sim na era da informação, da informática, das redes, mas, nada substitui o olhar compartilhador, a presença que envolve com calor, afeto, desentendimento, mas, que significa que existem dois, ou mais, corpos e almas dividindo toda aquela experiência nova. Nada perde a cor, nada deixa de ser bom, mas, eu tenho claro que sou um ser coletivo, não fui projetado para viver só e por isso, sempre acho que compartilhar é uma das chaves para fazer o mundo mais bonito, se não o mundo dos outros, ao menos o meu. Aí sempre tem aqueles que dizem: A sua felicidade não deve estar condicionada a existência de ninguém; você precisa se amar acima de tudo e de todos. Eu realmente sei dessas coisas e respeito muito esses princípios, mas, quem disse que para eu me amar tenho que virar um egoísta? Uma das formas mais belas de amar é entendendo e respeitando o outro, e é esse outro, que faz contraposição do eu, que está me fazendo falta agora, mas, como tudo na vida é superação, eu espero superar esse meu lado dependente de afeto e conseguir me converter um pouquinho mais parecido com essa máquina fria que a sociedade nos obriga a ser todos os dias. Eu estou, de verdade, saturado dos formalismos, eu quero mesmo é que as pessoas sejam felizes e sem rótulos, seria muito bom se fossemos respeitados por aquilo que somos com os limites da nossa condição humana, mas, nem sempre é assim, nem sempre os nossos desejos confluem com os desejos do outro, e nesse movimento há aqueles que nos complementam e queremos perto, e há aqueles que não fazem nosso estilo, e por isso os deixamos longe. O mais escroto de tudo é que nesse momento eu só queria alguém. Tem alguém aí??

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Bom, para continuar os relatos digo que as semanas têm passado muito parecidas. As coisas, as pessoas, os lugares já não são mais tão estranhos. O que antes era pintado pela novidade, o que tinha o selo do desconhecido, agora já tem o gosto do revisitado, do desbravado. Isso é bom e ao mesmo tempo estranho. É bom porque não é tão distante a idéia de casa, mas, como sou estrangeiro rola o não reconhecimento, o não pertencimento. Acho que muita coisa está ligada à semelhança entre os dois países, a pessoa se reconhece enquanto cultura geral (pele, forma, gesto, processos), mas, não se reconhece como um local. É estranho há uma aproximação pela semelhança, de longe, mas, de perto há um recuo com as diferenças microscópicas. Dá sendo um gosto novo, é bom porque revela novidades de mim para mim mesmo, estou adorando esses movimentos, esses cheiros e esses gostos. Claro que nada é ou será substituto da casa, mas, construir um projeto, que ainda não é 100% meu, mas, que tem a minha marca me deixa muito satisfeito. Angustias, desejos, vontade de fazer o impossível sempre acompanhará a todos, mas, como fazer, como construir é uma coisa que só o próprio ato de construção revela. C´est la vie, e, o que é melhor, a que eu escolhi. Diferente da Alemanha? Sim, estamos falando de países com pesos diferentes, mas, a experiência no fundo é a mesma. Viver, conviver, entender, respeitar e se respeitar.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Olá gente, eu estou enviando o primeiro Boletim Medellín, acho que ainda será um pouco incompleto, até porque já se passaram 14 dias da minha chegada e essas informações quando não estão frescas acabam que passando despercebidas. Levando em consideração que o Boletim se chamará Medellín não entrarei em detalhes sobre o processo da viagem, a narrativa começará com a chegada no aeroporto de Medellín. Quando se chega, a entrada é quase que por cima, tem que se baixar um piso pra ir até o local onde as malas estão disponíveis, então, todo desconfiado, preocupado com o meu novo idioma e a nova maneira de colocar o meu “portuñol” para que fosse entendível pelos nativos. Pus-me a procurar ler placas e repetir os movimentos gerais que todos fazem, essa pela capacidade dos brasileiros em comer quietinho, ver o entorno para não errar. Quando desci para o salão das malas, estava tudo muito cheio e muitas malas passando pela esteira. Então, tentei me aproximar e acompanhar o movimento, passa 3 minutos e nada da minha mala chegar - ela óbvio estava identificada com as famosas fitinhas verde e amarela que todo brasileiro, que tem o mínimo de patriotismo, coloca pra poder se destacar diante a multidão e que funciona também quase como um acordo velado que pressupõe: aí está a mala de um brasileiro, eles são legais, o país do samba, carnaval, caipirinha, não toquem nela, deixem a mala passar, não a percam, provavelmente o cara é gente boa – enfim, mesmo com todos esses avisos velados, passaram 6 minutos e nada da mala do “cara legal passar”, passaram algumas parecidas, mas, nenhuma preenchida com o espírito canarinho. Pensei: Podem ter se confundido e levado a minha mala, mas, será que tinha mais alguém com tantas brasileirisses quanto eu? Muito improvável. Ponho-me apreensivo e percebo que passados 10 minutos – quase nenhuma bagagem na esteira, quase nenhuma pessoa no salão – tem uma mulher de óculos escuros procurando a chegada de alguém, deduzi que seria a Aura – professora Colombiana que ficou de me buscar no aeroporto, com quem tive pouco contato no Brasil, mas, que foi a responsável pela minha vinda a este país – aceno, ela responde afirmativamente e então estou mais tranqüilo, se a minha mala desaparecer tem pelo menos alguém conhecido pra me ajudar com o negócio de reclamar junto à empresa colombiana – AVIANCA. Mais 3 minutos e a mala nacionalista chegou, UFA ... Um problema a menos, agora será a fase: entrar em contato com as pessoas, até então pouco conhecidas. Quando saio, sou recebido com algumas fotos, há que se registrar o momento da chegada, junto a ela está Clara, a dona da casa onde eu vou morar por um ano. Devidas apresentações feitas, comentários a parte – “puxa, você está diferente das fotos, mas, que bom que a gente se encontrou, vamos o carro está estacionado logo ali”. Então, fomos direção ao carro, e eu pensei é minha oportunidade de treinar o español e comecei a apresentar o meu melhor espanhol, que pra eles na melhor das hipóteses seria no máximo um portuñol. Mas, aí vem o elogio, - Chico, tienes un español muy bueno, vocaliza todo, muy bien. Depois desse elogio o meu espanhol caiu de rendimento e tenho certeza que ela se arrependeu de ter elogiado, mas, seguimos nos comunicando. A primeira aventura foi que ela achava que tinha, e apenas alguns minutos, roubado o som do seu carro que estava na bolsa de Clara. Ainda bem que não roubaram, a Clara tinha apenas perdido o som dentro da bolsa, era só uma questão espacial. O que eu pensei: Graças a Deus que não perderam o som, porque como estou chegando a culpa poderia ser indiretamente atrelada a mim, e eu teria que pagar um som que nem havia desfrutado. O caminho até a casa foi super agradável, pois, como o aeroporto internacional de Medellín fica um pouco afastado, tivemos como uns 40 minutos de viagem e eu pude perceber a beleza que é a cidade, pois, ela está construída em um vale, o vale do rio Aburrá, e por isso o entorno é de muitas montanhas, uma paisagem indescritível digna de qualquer geógrafo ficar impressionado. Chegamos até a casa onde eu vou ficar, está na área metropolitana de Medellín, baixei as malas, entreguei os presentinhos, cachaças, livros, etc. Tudo uma festa, abrimos a cachaça e fizemos caipirinha, uma boa maneira de socializar as pessoas. Bebemos, todos já estavam a minha espera, enfim. Foi um momento bastante interessante. Daí então, fomos dar uma volta de carro na cidade, Aura apresentando os principais pontos, fazendo comentários, quase uma excursão didática. Paramos na casa de Aura, fomos fazer o jantar, comemos peixe ao forno com salda, que eu adoro... Pra mim não havia dito melhor recepção. Entre silêncios e tentativas de buscar novas conversas, de cada um conhecer o outro melhor a noite foi passando e fomos ficando cansados. Então, Clara e eu resolvemos voltar pra casa. Foi a minha primeira experiência com o metro de Medellín, aparentemente muito parecido com o sistema de metros da França, inclusive o ticket de ingresso é o mesmo, branco com um leitor escuro no meio, e as catracas muito parecidas. A cidade se revelava imensa pra mim, pois, assim como Recife, Medellín tem quase 2 milhões de habitantes, e somada a região metropolitana chegasse facilmente aos 3 milhões de pessoas. Aparentemente a cidade é bastante limpa e ordenada. A população tem um traçado notadamente indígena, mas, que com o tempo vai se percebendo que também fazem parte de um grupo muito miscigenado. São pessoas bonitas, em sua maioria bem vestida, mas, como toda metrópole latino-americana tem traços muito fortes de pobreza, tanto nas construções e forma de vida, quanto nas pessoas. Ou seja, esteriotipadamente muito parecidas com as estruturas urbanas brasileiras. No dia seguinte, acordei cedo e sai ao desfile dos silleteiros, é uma espécie de desfile com flores em que as pessoas que trabalham na zona rural constroem estruturas de madeira ornamentada de flores, e cada um constrói a sua, existe mais de 100 artesãos que fazem a caminhada, o desfile com as suas armações de madeira e flor. É um espetáculo muito bonito, inicia às 14h e vai até as 18h, mas, às 17h já estávamos cansados e mortos de sono, então demos pro encerrados, fomos a um restaurante comer a “bandeja paisa”, que é uma combinação do que há de mais tradicional na culinária local e é servida desse jeito: Em uma bandeja vem arroz, carne, ovo frito, batatas, salada, arepa – uma espécie de pãozinho feito de farinha de milho – banana frita e salsicha, além dessa bandeja acompanha uma cumbuca de feijão, de verdade é muito gostoso, mas, também é comida pra duas pessoas, eu quase não pude comer tudo. O final do Sábado foi assistindo filme na casa de Aura, e dormi por lá, porque de manhã tinha que ir à Universidade, pois, já havia algum trabalho para fazer. Na tarde do sábado viajamos a Santa Elena, uma espécie de Gravatá ou Garanhuns daqui, é um lugar alto, frio, onde existem muitas propriedades rurais, é o local de onde saem os artesões do desfile das flores que mencionei há pouco. Clara tem uma casinha por lá e fomos conhecer, caminhar um pouco pelas redondezas. Foi uma experiência muito interessante, e uma incursão pela culinária e hábitos colombianos. Ficamos lá até o domingo pela parte. Na volta fomos procurar uma artesã que Aura tinha encomendado algumas coisas, mas, como não sabíamos o endereço dela tivemos que procurar, uma viagem a parte. Quando chegamos à casa dessa senhora, uma surpresa, ela conhecia o Brasil e já havia estado em Recife, tinha boas recordações da cidade e acho que por isso nos recebeu muito bem. A segunda surpresa é que a casa dessa senhora era feita de Madeira, Papel e Lata, mas, não se impressionem por isso, afinal, toda favela é assim, só que a diferença é que a casa dessa artesã parecia mais ser casa de classe média alta, muito bonita, a mulher era um gênio, seu marido é professor de artes já aposentado da Universidade de Antioquia, o equivalente a UFPE, por exemplo. E, eles têm um padrão de vida bastante elevado, conhecem o mundo inteiro, e ela, a artesã é dona de uma sabedoria inestimável, essa foi a maior e mais bonita descoberta da viagem.Depois disso voltamos pra casa, descansamos, afinal na segunda começaria na Universidade, a segunda começou com reunião de apresentação com os professores da faculdade de ciências sociais a qual estou vinculado, apresentações e mais apresentações, formalidades de documentos e essas atividades duraram a semana toda. O segundo final de semana aqui foi acompanhado de um feriado na segunda-feira, então, Aura e eu viajamos para a casa de seus parentes. Foi uma viagem bastante interessante, conheci bastante pessoas, bastante lugares. E agora o retorno às atividades é indispensável. Entrar na rotina da Universidade e dar conta do trabalho tem sido o exercício, há muita coisa pra fazer, e essa semana fui inaugurado em sala de aula, estou dando aula em parceria com um outro professor da casa na disciplina de ordenamento territorial. É com essa espécie de relatório que eu compartilho as minhas primeiras experiências colombianas que não se restringem mais a Medellín, já estou me interestadualizando. Posso dizer como síntese que o processo de ocupação, o ciclo cafeeiro que a região que conheço está atrelada, as formas de condicionar o urbano, as possibilidades de trabalho, a dinâmica informal e o estilo de vida das pessoas convertem a Colômbia em uma espécie de protótipo do Brasil. Há muitas semelhanças.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Despedida

Aos amigos, próximos, distantes, de hoje, de ontem de sempre e aos que a vida ainda irá se encarregar de aproximar. Todos vocês foram e são fundamentais, acho que sem o amor que a amizade proporciona a vida seria bem menos intensa. Cada um com seu jeito, com sua fala ou sua forma de calar tem me ajudado muito. Estou me tornando um ser humano melhor. Concluo a fase atual da minha vida sabendo que posso iniciar uma nova com a consciência do dever cumprido junto a todos. Claro que como tudo que fazemos, por sermos seres humanos, deixamos lacunas, e às vezes posso não ter dedicado tempo suficiente, mas, fui intenso até onde pude. Amei, chorei, sorrir, vibrei, zanguei e todos os que estavam perto de mim devem ter a certeza que eu tentei ser o mais intenso e presente possível. Agora, me sinto pronto para iniciar uma nova etapa, um novo ciclo. Por isso, estou escrevendo esse e-mail para comunicar aos meus, aos que quero tanto bem, que no dia 5 de agosto estou indo para Colômbia, mas, espero reencontrar todos quando da minha volta. Estarei menos perto fisicamente, mas, tentarei estar ligado a todos. Muito obrigado por tudo e por todo o processo de aprendizado, vamos em frente trilhar um novo caminho. Os laços construídos são permanentes... Amo todos!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Tiê - Passarinho

O meu blog tá cada vez mais tomado de outras pessoas que não eu, e para continuar nesse movimento, apresento aos amigos uma cantora que na minha humilde avaliação tem tudo para se tornar uma projeção nacional. O Cd dela se chama "Sweet Jardim". As músicas representam uma ingenuidade parecida com aquela apresentada pelos tribalistas, mas, com uma voz tão suave como a da Fernanda Takai. Tiê vem preencher um espaço na produção da MPB. Espero que vocês se habilitem a ouví-la, vale a pela. Além de tudo, no álbum tem músicas em francês e em inglês. Estou super curtindo. A imagem do post é a capa do cd dela, e disponibilizo uma das letras e o link para baixar o álbum. Tiê, uma grata surpresa.

07. Te valorizo (música e letra tiê, piano e voz tiê)

Se eu pudesse mostrar o que você me deu, eu mandava embrulhar, chamaria de meu. Melhor forma não há pra guardar um amor, então preste atenção, ou me compre uma flor. Vem, me faz um carinho, me toque mansinho, me conte um segredo ou me enche de beijo. Depois vá descansar, outra forma não há. Como eu te valorizo, eu te espero acordar. Se eu ousar te contar o que eu sonhei, pode até engasgar. Pagaria pra ver. Melhor forma não há pra provar meu amor, eu te presto atenção, tento ser sua flor. Vem, te faço um carinho, eu te toco mansinho, te conto um segredo ou te encho de beijo. Depois vou descansar, não vou te acompanhar. Espero que entenda e volte pra cá.

Serviço:

Link do blog da moça: http://sweetjardim.wordpress.com/

Link para baixar o álbum Sweet Jardim:
http://www.megaupload.com/?d=KM082ZSW

Amigos, por Vinícius de Moraes

Às vezes, só o que um grande escritor, poeta, etc.. escreve consegue captar os laços do que sentimos. Deixo esse espaço para um texto do Vinícius de Moraes, ele resumiu tudo...


Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos. Não percebem o amor que lhes devoto e a absoluta necessidade que tenho deles.
A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor, eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos, enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.
E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!
Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências…
A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.
Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto gosto deles. Eles não iriam acreditar.
Muitos deles estão lendo esta crônica e não sabem que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro, embora não declare e não os procure.
E às vezes, quando os procuro, noto que eles não tem noção de como me são necessários, de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital, porque eles fazem parte do mundo que eu, tremulamente, construí e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.
Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado. Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles. E me envergonho, porque essa minha prece é, em síntese, dirigida ao meu bem estar. Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.
Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos, cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim, compartilhando daquele prazer…
Se alguma coisa me consome e me envelhece é que a roda furiosa da vida não me permite ter sempre ao meu lado, morando comigo, andando comigo, falando comigo, vivendo comigo, todos os meus amigos, e, principalmente os que só desconfiam ou talvez nunca vão saber que são meus amigos!

Vinícius de Moraes

segunda-feira, 20 de julho de 2009

Vermelho versus Azul

Calor, sol, queimadura, ardor, chamas, brasa, fogo... Tudo o que é quente evoca a dimensão do amor, da paixão... Não é à toa que o vermelho é a cor que representa tudo isso. Eu sempre reflito o meu estado de espírito e astral através das cores. As cores, de uma maneira não objetiva, controlam minhas atitudes, refletem o meu estado de vida... Descobri que não estou vermelho, não estou nem perto de estar vermelho... Pensei que estaria envolvido no ambiente de amor, paixão e desejo, mas, acho que no final das contas era tudo uma questão de costume. O hábito ainda me persegue, volta e meia me pego pensando no passado, mas, depois de uma conversa com um anjo que tava me ajudando a me entender, percebi que a vida é o presente e caminha para um futuro. Chega de esperar por algo que na hora em que foi não me completou, e se não completou quando era. Então, não deve, nem pode circundar o meu imaginário com o que poderia ser. Simplesmente não é; não vai ser... JÁ CHEGA! Não estou quente, estou o contrário disso, estou frio, gelado, indiferente... Não estou pronto pra nada, nem pra mim mesmo! Estou decretando férias e repouso... Não sei como essas férias serão, nem sei se serão de fato férias, mas, terão a cor azul como inspiração, o azul é que está me preenchendo agora! Vejamos o que sai do AZUL...

domingo, 19 de julho de 2009

Momentaneamente fora do ar...(tempo de duração: indefinido)!!

Depois do último texto me senti um pouco sem inspiração de procurar temas para escrever por aqui. Na verdade, vou deixar a vontade de escrever me consumir de novo. Querer compartilhar é necessário, acho que escrever o que se pensa é uma forma de fazer terapia sem pagar terapeuta.
Então, o próximo texto pode vir daqui a pouco, amanhã ou daqui a três meses...

sexta-feira, 17 de julho de 2009

Tudo é cíclico, até passa, mas, ainda dói...

Lembrar de você já não deveria mais. Mas, esquecer-te também não consigo. É um incrível dilema. De uma maneira bem insossa gostaria de perder as lembranças. O engraçado é que eu tenho a certeza que não deveria lembrar-te. Eu te vejo em tudo e em quase todos. Lembranças das nossas voltas na Universidade (lugar que tenho evitado a ir depois que consegui me tornar mestre, pena que sem seus olhos por perto pra me darem forças). Saudades das nossas manhãs de domingos onde eu te fazia companhia para tuas compras, e ainda assim eu achava tudo lindo. O cinema perdeu tanto da magia, já que eu não posso mais ter os teus braços como apoio, descanso e reforço. É meio loucura depois de tanto tempo ainda sentir a tua presença na minha vida, o pior ainda é sentir a tua falta...
Tenho me escondido em livros, trabalho, amigos, bobagens, paqueras, beijos, sexo... Nada me afasta de você... Eu sei que tudo é cíclico, mas, até eu conseguir esquecer, estou pensando em você, estou te esperando, mesmo sabendo que você já não mais vai voltar... Porém, bem que seria bom!...

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Intolerância ou Alergia?!

...afinal de contas, se olharmos por outro prisma será que a intolerância existe?

Eu tenho medo de pensar, trabalhar ou citar o que é intolerância em qualquer conversa de bar ou até mesmo entre amigos. Acho que em 99% dos casos serei mal interpretado, e ainda assim, se entendido, teria um enorme problema em concordar comigo mesmo. Até porque como a maioria dos conceitos e das discussões conceituais é indispensável pensar a escala em que está se processando as informações e se estabelecendo as análises.
É óbvio que em relação ao pensamento religioso radical; ortodoxo ao extremo; fechado em suas percepções e fragmentado é impossível não pensar em intolerância, principalmente quando essa intolerância gera guerras, mortes, sofrimento, etc.. Não é a isso que me refiro. Estou seriamente preocupado com a intolerância que eu mesmo posso produzir.
A intolerância que me assusta é aquela que me faz esquecer a dimensão da alteridade; aquela que me cega os olhos e me faz esquecer que o meu próximo é tão cheio de virtudes e defeitos quanto eu.
Assusta-me essa capacidade intolerante de odiar a outro ser humano. Mas, como se pode lutar contra isso? No momento que me encontro acho muito difícil lutar contra um sentimento que é tão forte que obscurece a capacidade reflexiva e inibi o discernimento.
Eu reivindico o meu direito de ser humano para me permitir amar, odiar e não tolerar! Eu reivindico o direito divino de ser dono do meu arbítrio! Eu reivindico o direito sagrado de errar, de não tolerar, de excluir, de selecionar.
E nesse caso, acho que a minha intolerância pode até ser ALERGIA!!!
... ABAIXO à FALSIDADE! Por um mundo mais justo, já!
Que saudade dos alemães!
Que saudade da capacidade de deixar simples o que é simples e o que complicado também.
Que lição de vida eles poderiam dar aos brasileiros!
Intolerância ou respeito a si mesmo? Quem foi que falou que temos que nos anular em detrimento às vontades dos amigos! E a minha vontade? E a minha existência! Eu sou a pessoa mais especial da minha vida. Sou a única pessoa que não pode me trair, se os outros não entendem? Problema! Ser feliz e honesto ao que penso, sinto e vivo é à base da minha vida!!
Reflitam! Ninguém é autentico sendo mais um! Façam a diferença, senão para todos, ao menos para vocês mesmos!!

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O que tem sido aprender?!

Andei aprendendo algumas coisas esses dias...

Percebi que não adianta o quanto eu me ache bom, todo trabalho que fiz ou virei a fazer já nasceu ou nascerá morto, e por isso mesmo, não contribuem nada para o meu futuro, só abastecem o armário do meu passado.
Não adianta sofrer, chorar, se dar, amar quem está longe. Se está longe nunca vai saber o tamanho do meu sofrimento e no final das contas terei sofrido à toa, chorado à toa e envelhecido à toa. Assim, não quero viver a minha vida, à toa.
Amo, amarei e continuo amando, mas, isso não impede de me forçar a visitar outros sentimentos, já que quem eu amo não está comigo. Acho que tenho a obrigação de ir experimentando, provando, vivenciando até encontrar um novo amor. A despeito do que me foi aconselhado hoje, eu não desistirei do amor; eu não desistirei de namorar e não perderei a esperança de, um dia, me “arrumar” com alguém. Afinal de contas, podemos não ter nascido para nos realizar no outro, mas, dividir com o outro, tudo aquilo que se tem talvez seja um dos mais doces, necessários e desejados momentos da vida.
Aprendi também que não importa o quanto eu me esforce pra defender uma idéia, tem gente que toma um fragmento do pensamento como verdade e jamais será capaz de contextualizar o sentido final das coisas. Acho, com toda franqueza, que estou cada dia entendendo mais o Oscar Wilde e estou tentando exercitar mais um dos seus pensamentos. Ele dizia assim: “Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo"...
Por isso, termino esse texto com silêncio......

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O que é o dia?

Muito mais do que sucessão simples de tempo (horas, minutos, segundo) o dia é sem dúvida a diferença entre os aconteceres; é o limiar entre estar vivo e estar morto. A mágica e o poder transformador do dia são inigualáveis. A ação e a inércia convivem lado a lado e o único responsável por transformá-las em realidade somos nós mesmos.
É essa capacidade mágica que o dia tem de abrigar tantas possibilidades que me fascina. Cada momento, cada fechar e abrir dos olhos podem ser responsáveis por uma nova forma de ver, sentir e conduzir as coisas.
Comumente ficamos presos a uma visão limitada da realidade, achamos que o cotidiano é a essência da vida. Os nossos atos repetitivos parecem explicar de maneira indiscutível qual o caminho que a vida trilha. Ledo engano esse o nosso! Muito mais do que repetição, melancolia, tristeza e angústias a vida é com certeza a capacidade de fazer o novo, de descobrir o inusitado. Mas, pra isso acontecer é necessário que se esteja disponível, e indiscutível a necessidade de se perceber os nuances, as sutilezas, as possibilidades de inversão. Ninguém precisa ser sensitivo para aproveitar o dia, mas, é necessário ser sensível, não apenas olhar com os olhos.
É assim que o dia deveria ser! (incerto, despretensioso, imprevisível, mágico, plural). Não é preciso dividi-lo em períodos (manhã, tarde e noite), o dia não é isso, o dia nem tem necessariamente 24 horas, e nem muito menos a mesma quantidade de tempo dividido de maneira igual. O dia não é cronológico, ele é psicológico, mas, inevitavelmente ele começa quando você acorda, e ele acaba quando você dorme. Por isso, ele tem que ser aproveitado, não em uma prótese fantasiosa que exista apenas na sua cabeça, isso pode ser a diferença entre realidade e loucura, mas, ele tem que se aproveitado na possibilidade da realização.
Esse é o convite, vamos viver o dia! Afinal, todos os dias tudo começa de novo!

domingo, 12 de julho de 2009

O que é ser adulto?


É engraçado, às vezes a gente pensa que depressão, cansaço são coisas que só acontecem com os outros. A gente é supervalorizado pelo nosso próprio ego e com isso criamos uma capa, uma crosta, uma impossibilidade de se ver na verdadeira forma concreta e humana. Essa capa vai tornando os seres humanos cada vez mais viciados, cada vez mais donos de si, envoltos em um sacrossanto manto que normalmente é chamado de "vida adulta". Mas, que vida adulta é essa? Há de fato uma diferença da vida ao simples fato de se atingir etapas no processo do passar dos anos?
Eu fico me perguntando qual fase de vida se vive quando se é criança e é obrigado a trabalhar no corte da cana, do sisal ou de qualquer trabalho dito adulto? Será que aquela criança não vive uma vida adulta? Será que a vida de um cara que chegou aos 30 anos de idade, sendo sustentado pelos pais, tendo estudado nas maiores e melhores universidades do país e do exterior, que se tranca entre quatro paredes de um Centro de Pesquisa e Ensino de nível superior, condenado a viver a sociedade através de um grupo de alunos que muitas vezes representam apenas uma forma padronizada de entender às relações do mundo, é de fato uma vida adulta? Será possível se tornar adulto sem entender os detalhes e sutilezas do pensamento humano? Será que se pode ser adulto pensando que o mundo gira entorno do seu próprio umbigo? Adultos são aqueles que ao primeiro problema acionam todos ao seu redor para resolvé-lo, e em nenhum momento lembram de estender a mão ao próximo em um momento de fragilidades?
Eu tenho pensado bastante, ultimamente, e acho que estou descobrindo que ser adulto não se aprende, nem muito menos se rotula. Não acho licito que uma observação fragmentada e alheia às sutilezas e inquietações da mente humana seja considerada definitiva para se julgar algo maturo ou imaturo, até porque maturidade não deve jamais ser medida pela velocidade do julgamento de alguém que não participa ao processo.
Só se cresce vivendo, só se descobre caminhos trilhando-os. Por isso, a única pessoa capaz de saber o que é maturidade é quem dela desfruta, assim como todos os demais processos psicossociais, só se descobre o que é ser adulto sendo e jamais a experiência de um pode ser comparada ao do outro. Afinal de contas, ser adulto também não seria respeitar a história que não é a sua?

sexta-feira, 13 de março de 2009

A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA

A EXCOMUNHÃO DA VÍTIMA
Miguezim de Princesa
I
Peço à musa do improvisoQue me dê inspiração,Ciência e sabedoria,Inteligência e razão,Peço que Deus que me protejaPara falar de uma igrejaQue comete aberração.
II
Pelas fogueiras que arderamNo tempo da Inquisição,Pelas mulheres queimadasSem apelo ou compaixão,Pensava que o VaticanoTinha mudado de plano,Abolido a excomunhão.
III
Mas o bispo Dom José,Um homem conservador,Tratou com impiedadeA vítima de um estuprador,Massacrada e abusada,Sofrida e violentada,Sem futuro e sem amor.
IV
Depois que houve o estupro,A menina engravidou.Ela só tem nove anos,A Justiça autorizouQue a criança abortasseAntes que a vida brotasseUm fruto do desamor.
V
O aborto, já previstoNa nossa legislação,Teve o apoio declaradoDo ministro Temporão,Que é médico bom e zeloso,E mostrou ser corajosoAo enfrentar a questão.
VI
Além de excomungarO ministro Temporão,Dom José excomungouDa menina, sem razão,A mãe, a vó e a tiaE se brincar puniriaAté a quarta geração.
VII
É esquisito que a igreja,Que tanto prega o perdão,Resolva excomungar médicosQue cumpriram sua missãoE num beco sem saídaLivraram uma pobre vidaDo fel da desilusão.
VIII
Mas o mundo está viradoE cheio de desatinos:Missa virou presepada,Tem dança até do pepino,Padre que usa bermuda,Deixando mulher buchudaE bolindo com os meninos.
IX
Milhões morrendo de Aids:É grande a devastação,Mas a igreja acha bomFurunfar sem proteçãoE o padre prega na missaQue camisinha na lingüiçaÉ uma coisa do Cão.
X
E esta quem me contouFoi Lima do Camarão:Dom José excomungouA equipe de plantão,A família da menina E o ministro Temporão,Mas para o estuprador,Que por certo perdoou,O arcebispo reservou A vaga de sacristão.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

viver é muito melhor

Esses dias eu estava assistindo a já consagrada série: “Sex and the city”, e fiquei surpreso com a atualidade das questões e com a possibilidade de interpretar o texto desenvolvido para o universo feminino, como sendo algo aplicável a todos os sexos. Na verdade o “sexo e a cidade” é um conjunto de temas que não tem aplicação para apenas um grupo de pessoas, ele é comum, é recorrente, funciona quase como uma identidade dos atuais citadinos, afinal fazer sexo, falar de sexo, viver o sexo é quase sinônimo da metrópole. Para ficar mais atual e mais verossímil só faltava o discurso do sexo e da cidade abarcar também o interesse e o dinheiro, pois, com isso fecharíamos a coleção de temas indispensáveis em qualquer conversa com o grupo de amigos. A união disso tudo me faz refletir: O amor ainda existe nos relacionamentos citadinos da contemporaneidade? Na vida nós encontramos, relacionamo-nos com vários tipos de pessoas, algumas inclusive que não fazem nosso tipo, mas, curiosamente fazem-nos pensar em um conjunto de coisas que mudam o nosso mundo e descobrimos uma nova forma de ver. Eis então que surge a segunda pergunta: Se os nossos amigos também participarem do conjunto de pessoas que fazem com que tenhamos a certeza de que o amor, na atualidade, não consegue resistir ao valor instantâneo do prazer e do dinheiro? A impressão que dá é que as pessoas precisam imitar a cidade, precisam copiar o símbolo frenético do sucesso, do melhor aproveitamento, o ser que deveria ser amado, precisa antes de tudo ser admirado, e essa admiração parece está cada vez mais centrada na capacidade de compra, articulação e aproveitamento dos momentos, pessoas e situações. Na cidade atual é quase um “el dorado” encontrar alguém que te pergunte primeiro o que você está lendo e não qual o seu cargo na empresa ou qual o valor do imposto de renda que você paga. Encontrar alguém que não se preocupe se você dirige uma BMW ou um FIAT é quase tão raro como receber um elogio daquele que cobiça o seu cargo e o seu espaço no trabalho. O mundo está cada vez mais resumido na velha máxima: “você é aquilo que você tem ou pode oferecer”. A grande surpresa não é essa, mas, perceber que talvez façamos parte de ciclos que coloquem em prática a todo instante esse tipo de comportamento. Já chega de falar em salários! Basta pensar no carro novo do fulano, a vida é única, é nossa, é plural, é curta, é renovação. Vamos deixar que os outros vivam as suas vidas em paz, e vamos nos concentrar na nossa... Não precisamos vestir à moda, não precisamos ser reféns de um mundo simulado que só faz repetir desigualdades, ninguém é feliz montado em sapatos, jóias ou carros caros, a felicidade é mais simples, por isso amigos, se libertem desse mundo pequeno, transcendam, evoluam, mudem, olhem para dentro de vocês mesmo, pois, a resposta de muitas coisas está ali, em nós mesmos... Temos que sorrir mais, trabalhar menos, VIVER é muito mais do que pagar contas, comprar roupas novas ou fazer novas aplicações financeiras.

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009


Hoje, assim como em outros dias, a vida tem apresentado um conjunto de caminhos diferentes, o que me faz entender que: por mais perdidos que estejamos, sempre há um novo caminho, um horizonte, uma nova possibilidade...Ainda há pouco, estava eu envolvido numa situação em que apenas os bits e os bytes eram as minhas testemunhas, onde as promessas e as vontades eram maiores que as verdades, as materialidades, era tão intenso, tão verdadeiro e tão virtualmente próximo que eu me envolvi e comecei a viver para "essa coisa", apenas para isso...até que um dia, a vida me encontrou novamente, e o que era virtual e distante se tornou real, a pessoa mudou, os pensamentos e os níveis de intimidade também, mas, quem disse que teria que ser igual? Essa é a graça da vida, quem está longe nos entende e nos completa, quem está perto nos afaga, abraça e beija...é, talvez tudo seja um jogo em que as regras consistam nas coisas que precisamos para cada momento...Que bom seria se eu, os dois sentimentos, pudesse ter, mas, confesso que mesmo em meio a esse turbilhão de sensações, estou cada vez certo de que a vida é como o Gonzaguinha a cantava: é bonita, é bonita e é bonita...mas, como será que estamos vivendo essa beleza?...
...mais uma página "do pensamento", que por menos estilístico que seja, é um reflexo de mim e de como penso...

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

...Onde é a passagem para a vida?

Às vezes eu penso que preciso a qualquer momento, a qualquer segundo deixar de ser o que eu sou p'ra que eu consiga um dia tentar ser um pedaço daquele alguém que eu sonhei ser. E isso é muito estranho, quem ler esse pensamento vai logo imaginar que eu não estou satisfeito com a vida que levo, mas, muito pelo contrário, estou feliz sim, acho que a minha vida é o resultado daquilo que eu sempre procurei ser. Pego-me pensando nas encruzilhadas que percorri até atingir o ponto em que estou, mas, assim como todos, me pergunto: Se eu tivesse tomado o outro lado do labirinto como seria o meu caminho? Qual seria a consequência? Não sei, acho que ninguém poderia saber, mas, pensar na possibilidade é sempre um bom exercício em um momento de ócio. E, sempre nos estimula a fazer releituras. A grande questão é: Se o aqui e o alhures não me agrada, não me preenche, como fazer p'ra ser feliz?...Estou num momento muito peculiar da minha vida, tenho bons amigos, poucos é verdade! Sonhos, sentimentos, vontades, identificação todas essas coisas parecem que não são o bastante p'ra conseguirmos ter alguém conosco...presença é fundamental, não apenas de corpo, mas presença de alma. Eu tinha achado que tinha encontrado essa presença, mas, a distância do corpo fez com que ela não resistisse por muito tempo, bom, agora tem a possibilidade da presença do corpo, será que construiremos a presença de alma? Ando muito confuso, sem saber o que pensar. Resolvi que, talvez, para mudar àquela condição de inquietude de minha existência, eu tenho apenas que viver a vida sem pensar nela, pois, ela acontece sem planejamentos, sem disciplina...vou me entregar, e me jogar na correnteza dela, vejamos onde emerjo.

domingo, 25 de janeiro de 2009

..um turbilhão de coisas, sem estilística.

Registrar as idéias é um exercício interessante, logo de início pensamos que a tarefa é a de registrar os pensamentos como eles vêm. Isso é o que tenho feito, ao comparar os meus escritos, ou mesmo os meus pensamentos acerca do que escrever, penso que não respeito uma estilística literária, confesso que não penso nisso! Pois, vejo o que escrevo apenas como uma válvula de escape daquilo que sinto. E, é por isso que tenho como centro do meu pensamento para essa postagem o registro do que tem sido uma das fases mais duras e difíceis, em todas as direções, mas, especialmente em relação ao tema AMOR. Amor, como é difícil amar, como é dolorido quando ele não se materializa como deveria, e como é pior ter que racionalizar e pôr um termo a esse sentimento, que talvez seja um dos mais nobres que se possa sentir. Confesso que lutei o quanto pude p'ra me entregar a esse tal amor, eu tenho a certeza que consegui em muitos momentos ser fiel a esse sentimento, mas, talvez eu padeça da falta de clareza do que seja se relacionar. Tenho certeza que muito do meu fracasso atual tenha a ver com a distância. Confesso, estava envolvido num relacionamento virtual, mas, virtual apenas pela falta de contato dos corpos, pois na beleza, pureza e verdade dos sentimentos, sem sombra de dúvidas foi um dos mais presenciais que tive. Como dizia aquela famosa frase de domínio público, "o que era doce acabou", mas, como assim acabou? Será que o amor acaba? E o afeto? E a vontade de estar junto? E a necessidade de saber a outra pessoa?..Quão distante precisamos estar para que sentimentos como estes sejam esquecidos? ...muito foi falado, muito a ser dito, muito sentimento que precisa explodir, e tantas projetos falidos, mas, mesmo assim, permanece o carinho, o sonho, a intimidade, a decodificação pelo olhar ou pelo estilo de escrita. Te amo, e isso não vai mudar, mas que complicada, contraditória e cheia de surpresas é essa grande vida cíclica... espero por novas dúvidas, espero por um novo recomeço...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Recomeços


É estranho, às vezes estamos em casa sentados em algum canto pensando na vida, vendo a água que escorre pelo vidro da janela dar-nos motivações e forças p'ra viver, em outros momentos estamos tão ocupados que não conseguimos sequer entender os gritos desesperados que a vida nos dá p'ra que façamos a coisa certa, no lugar de meter a cara e se machucar.
A toda hora, a todo instante estamos sempre condenados a um novo recomeço, mas, se fossemos capazes que equilibrar os tempos melancólicos com os de euforia seriamos sem dúvidas pessoas muito melhores.
A vida passa, as pessoas passam e nós ficamos ora mais bonitos, ora menos em forma, mas, a essência é a nossa, é nesse momento que temos que entender a força da verdade da vida. Recomeçar não é p'ra todos! É algo que se faz quando falhamos, mas, significa também que temos forças o suficiente p'ra reconhecer os erros e seguir em frente. A vida não espera, o tempo não espera... vamos seguir! A vida é a única coisa que alimenta o coração, sem ela paramos, nos esvaímos...

Apresentação?

Bom, acho que quase todo mundo tem um blog, e eu pensava se eu precisava ter um também, a verdade é que eu ainda não cheguei a conclusão se preciso mesmo terum. Mas, acabei fazendo! Mais pela necessidade de tentar criar disciplina em escrever algumas coisas, do que pela vontade de construir um blog. Acho que nós humanos temos a necessidade de compartilhar pensamentos, ainda que estejam construídos com menos emoção e mais tecnicidade, enfim! Ter a possibilidade de simplesmente expressar, de ter algo que possa ajudar a colocar p'ra fora sentimentos. Essa pode ser uma idéia sedutora, acho que por isso resolvi embarcar nessa onda. Amanhã, só Deus sabe...Vivamos o hoje!