sábado, 28 de novembro de 2009

Carisma e poder

Carisma e Poder - Texto do Delfim Netto, publicado em Carta Capital...muito bom
Fonte: http://www.cartacapital.com.br/app/coluna.jsp?a=2&a2=5&i=5430

Carisma e poder

12/11/2009 16:33:51

Delfim Netto

No jogo político moderno, mais do que em quaisquer outros, as imagens e palavras têm um efeito fantástico sobre o nosso comportamento. Disse “moderno” porque, antes de nossa “época”, alguns instrumentos adicionais (veneno, punhal...) eram utilizados, com efeitos também fantásticos, tão ou mais radicais, mas provavelmente menos eficientes... É isso que leva os políticos habilidosos a utilizarem-nas para manipular a opinião pública na direção que lhes convém. Uma palavra ou imagem bem escolhida tem o efeito de vírus transmissor de infecção.

No Brasil temos dois exemplos marcantes, modernamente se diria “emblemáticos”. Um foi o de Jânio Quadros, há apenas 59 anos. Com a imagem da “vassoura”, iria varrer “a corrupção que desgraçava este País”. A ideia era forte e o alvo, claro: os políticos corruptos e o funcionalismo público. Estes “deveriam servir e respeitar o povo que os sustenta, mas em lugar disso o humilham e servem-se dele”.

Diligente e inteligente administrador, e ainda melhor ator, tão logo eleito prefeito de São Paulo (por grande maioria, mas puro acidente), criou a “administração-espetáculo”, que o transportou, em nove anos, numa carreira meteórica, de político desconhecido, de vereador a prefeito (1953-1954), a governador de São Paulo (1955-1959) e a presidente do Brasil (1961). Em 1953, demitiu em massa funcionários municipais com retumbante sucesso popular. Em 1955, fez o mesmo no funcionalismo estadual. Segundo Jânio, “cada pontapé” dado no funcionalismo público lhe rendia “10 mil votos...” Uma ideia simples, mas forte: combater a corrupção, objetivada num alvo indefeso, fácil de localizar e odiado (ou invejado?) pela sociedade.

O outro exemplo, este de “ontem”, é Fernando Collor. Com o mesmo mote de combater a corrupção, mas agora com um alvo difuso – o “marajá” –, mobilizou a sociedade brasileira com o mesmo desprezo de Jânio pela estrutura política e partidária. Mas quem era o “marajá”? A habilidade da mensagem foi identificar, em cada mente simples, o “marajá” como o seu desafeto mais próximo. Uma ideia arrebatadora transformou, em poucos meses, um inteligente, mas pouco conhecido, político alagoano em presidente da República. No final, talvez os dois tenham sido vítimas da mesma doença: 1.
Seu espetacular sucesso. 2. Sua imaturidade. Quando renunciou, de forma muito mal esclarecida, Jânio tinha 44 anos. Quando foi cassado, num jogo político até hoje bem escondido, Collor tinha 43.

Todo esse longo introito é apenas para lembrar como as palavras têm força. É por isso que uma questão puramente acadêmica (talvez de escolástica-medieval, saber se a economia entrou ou não numa recessão) adquiriu contorno e significado politicamente transcendentes. Os fatos estão aí. Houve, em 2008 e início de 2009, uma queda no nível do emprego e do nível de atividade no Brasil, acompanhando a liquefação de toda a economia mundial e ameaçando transformar a marolinha de Lula num “apagão” que afinal não houve.

Naqueles momentos, não eram muitas as pessoas que esperavam respostas do governo na direção correta e ‘muitos mais’ (obviamente, a “burguesia endinheirada”) simplesmente descriam da capacidade do presidente de lidar com problemas altamente sofisticados que haviam embananado a linguagem e ofuscado as imagens de boa parte da academia mundial.

Não tenhamos dúvida de que sua imagem seria oferecida na próxima campanha eleitoral em 2010, não como “marajá” ou “corrupto” (que o povo sabe que ele nunca foi), mas como o legítimo espécime daquela “raça” que nós “elegemos por engano”. Peço desculpas aos leitores, pois ouvi essas expressões tão “politicamente corretas” num salão nobre, de gente que obviamente nunca viajou num “pau de arara”.

Pensei se, na verdade, existiria uma forma maior de, ainda menino, conhecer o chão de seu país e o ânimo de sua gente do que vencer 2 mil quilômetros de estradas poeirentas a bordo de um legítimo “pau de arara”? Depois, enfrentar um piso de fábrica, terminar um curso do Senai, desafiar o humor de um regime autoritário e criar o maior sindicato obreiro do Hemisfério Sul? Finalmente, sem passar pela academia, sem ao menos ler Gramsci, Althusser, Keynes ou Schumpeter, tornar-se o “cara” que conduziu o grande país a vencer a recessão antes da maioria dos principais protagonistas globais?

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Para não dizer que só falei de amores...

É extremamente desagradável quando descobrimos que alguém é isso ou é aquilo, rotular, classificar, resumir... Todas essas definições são apenas uma redução da grande estrutura complexa que é o ser humano. Bom, e por medo de que eu mesmo pudesse ser fruto de uma redução da minha própria forma de me mostrar, resolvi escrever um texto que te início eu só sabia o título: “Para não dizer que só falei de amores”, afinal é tão chato quando alguém fica bitolado a um mundo idílico e sofredor do que seja o amor. Porém, o texto tão pouco poderia ser o não-amor, afinal, se usarmos a dialética, o contrario é uma etapa de existência do seu par antagônico, e aí eu cairia no mesmo conto original e voltaria a falar de amor... Mas, então, eu pensei e comecei a me perguntar: Como um texto que se chama – Para não dizer que só falei de amores - pode ter outro conteúdo que não seja o amor? Ainda que esse amor esteja disfarçado de amor próprio, e por isso mesmo retórico e categórico em afirmar o amor que se sente não é amor, e que o amor que se escreve enquanto texto não é o mesmo amor que se escreve enquanto história, não adianta o amor é o amor e aí a gente começa a ser vazio e pequeno quando o tenta negar, porque no final das contas nenhum argumento é capaz de descategorizar esse sentimento que por si só já é composto de contradições... Para não dize que só falei de amores acaba sendo o texto do blog com mais conteúdo expresso sobre o amor, e o danado é que essa coisa de amar é tão gostosa que a gente quando não está amando só quer pensar em amar, e quando está amando faz de tudo pra manter o sentimento igual à primeira vez que ele foi despertado... eu ainda estou buscando ele...

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

O problema é a tal da sintonia...

Tudo que qualquer pessoa deseja na vida é encontrar alguém que lhe escute, que ajude a resolver seus problemas, que esteja disposto a crescer com você, não apenas crescer profissionalmente, mas crescimento como maturidade de relacionamento. Infelizmente, a vida é uma loucura e quando encontramos alguém assim aparece aquele velho problema típico dos rádios AM e FM da época dos nossos parentes mais distantes, a tal da sintonia. ... Particularmente estou em uma fase de não querer aventuras, e muitas vezes, disse que o melhor seria encontrar alguém mais experiente, acontece que encontrei, do jeito que eu queria, desejava, sonhava e esperava ... Mas, e a tal da sintonia? Estou sendo amado, sinto o amor nos olhos, nos gestos, na maneira como fala, como cuida, como respira, mas, porque será que não é recíproco? Por que será que a gente só gosta de quem não presta?
Estou naquela de não mais buscar algo avassalador, eu vou aproveitar essa sinceridade de sentimento e tentar acomodar dentro de mim...vamos ver se eu consigo!