terça-feira, 18 de março de 2014
Notas mentais nunca compartilhadas
Certa vez presenciei uma conversa que convidava a refletir, de forma não acadêmica (entretanto tendo os valores acadêmicos como pontos para a reflexão), como a paisagem, que segundo uma das interlocutoras revelava apenas um momento do espaço: aquele da forma e assim do ponto de vista do método histórico e dialético seria ela uma ferramenta teórica vazia e simples, poderia ser uma das categorias de análise da Geografia, eu senti não puder ter voz para estimular a reflexão de que o movimento do pensamento histórico e dialético não nega a forma, muito pelo contrário a forma é um dos primeiros elementos que conectam com o mundo real (concreto), a forma ajuda, em um primeiro momento da experiência, a mediar as relações entre a sociedade e a natureza, mas ela sozinha não dá conta, claro, é preciso pensar na indissociabilidade entre forma e conteúdo; é preciso entender que a paisagem não é apenas forma, ela contém a forma, mas só ganha sentido através dos conteúdos, ela, a paisagem, está impregnada de processos históricos que revelam a reprodução social e espacial. A paisagem é a síntese do processo de reprodução da vida, pois contém os elementos do espaço, da sociedade e do indivíduo. Não entendo como a paisagem, sob qualquer prisma epistemológico, não apareça como um elemento rico para as reflexões geográficas. A paisagem é sim uma categoria, teórica e prática, do movimento de construção do mundo, de reprodução da vida... ajuda a ver as contradições, mas só se vista de um ponto verdadeiramente dialético.
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