...enquanto a vida acontece vamos esquecendo que acontecemos juntos a ela! ...enquanto a vida acontece, parece que nos esquecemos de sermos quem éramos... talvez mais que isso, enquanto a vida acontece vamos acontecendo dela e ela vai sendo responsável por pensarmos que enquanto ela acontece precisamos esperar que outras coisas aconteçam para que façamos outras acontecerem... E aí?
...aí que a garrafa de vinho nunca foi aberta, o presente nunca foi entregue, a palavra nunca foi dita, o amor nunca compartilhado... E então?
...então, de uma hora p’ra outra a vida para de acontecer como estávamos acostumados a vê-la acontecer... Então, tudo parece ganhar um novo tom, um tom melancólico, um tom triste, um tom de sofrimento que torna a vida outra vez uma possibilidade e não mais um simples acontecer... Os dias passam lentos, os desejos se tornam intensos, as fomes insaciáveis... E o amor então aparece com uma força, um tamanho e uma proporção que nunca foram mostrados enquanto a vida acontecia.
Às vezes então desejamos que a vida deixe de acontecer e comece a ser construída, a ser sentida e não mais apenas visitada...
Como fazer que a vida não volte a passar como uma realização inexorável da necessidade de acontecer? Como fazer para que os sentimentos ditos sejam sentidos? Como fazer que a garrafa de vinho tomada, ainda que em um copo de requeijão, não espere apenas os dias especiais? Como fazer que o vinho, o amor, a palavra e o presente sejam o símbolo da confirmação de um pacto em fazer a vida e não deixar ela simplesmente acontecer?...
Bom início de maio, boa reflexão, boa vida!!!
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