O segundo Boletim Medellín sem sombra de dúvidas vem com bem menos detalhes e bem menos novidades que o primeiro, afinal de contas o cotidiano e as relações de construção do espaço coletivo fazem com que tudo que era contemplação e deslumbramento no primeiro momento se converta na ordem do dia ou na necessidade de se estabelecer relações de reprodução das necessidades vitais. Por isso, tenho a plena certeza que os meus olhos do agora são bem menos sensíveis às modificações que os olhos do primeiro boletim, entretanto, isso não invalida a minha condição de estrangeiro, quase estranho, longe da minha terra pátria.
Uma das coisas mais interessantes para se analisar quando somos estranhos na cultura do outro é à força dos vínculos e das construções coletivas sobre os mesmos signos, símbolos e valores. É como estrangeiro que, no nosso caso de brasileiros, mais sentimos a necessidade do verde-amarelismo. Essa coisa louca que não tem materialidade, mas, exerce uma influência pragmática indiscutível. É esse movimento que faz com que os semelhantes (compatriotas) se identifiquem e se reconheçam ainda que completos ignorantes da intimidade alheia, mas, que se permitem aprofundar em contatos e descobrimentos distintos de estranhamento por que sabem que no fundo, na essência ou nas características mais intimas compartilham os mesmos códigos, valores sociais e memórias coletivas.
A beleza de sair de casa e não encontrar mais dos mesmos é tão grande que o estranhamento é diretamente proporcional a essa abertura cultural. Ter que provar a todo instante que os fluxos de raciocínio e a maneira de sistematizar os pensamentos obedecem a um conjunto de regras é instigante, renovador e revigorador. Contudo, perde-se muito da capacidade de justificação, pois, as experiências espaciais, sociais e afetivas não refletem necessariamente o mesmo sentido de pertencimento e inclusão que se tem quando se compartilha os conteúdos da pátria materna. Principalmente por isso, é cada vez mais claro e necessário o respeito que eu sinto pelos professores que ajudaram a formar o meu background acadêmico, porém compartilhavam a mesma nacionalidade. Viver na pátria alheia é muito estranho, mas, ter que ensinar sob outros caldos culturais é ainda mais desafiador e revelador de fragilidades e necessidades de ampliação dos argumentos e do embasamento teórico.
Dessa maneira é que as atividades do cotidiano se preenchem de sentidos, afinal o sentido último das coisas não está revelado no aparente, mas, sim naquilo que é de mais essencial e está, indiscutivelmente, invisível aos olhos. Descobrir um país é antes de tudo mergulhar nos seus conteúdos históricos; é subverter a lógica desigual do controle do idioma; é construir relações sociais e espaciais que revelem os signos do estranho, mas, que revele interesse no mundo novo.
Ir à Universidade, preparar aulas, acordar cedo, pegar o metro, pesquisar nos livros e na internet, se relacionar com as pessoas, dar aula, realizar pesquisas, orientar alunos, sugerir bibliografia, receber nova bibliografia... Nada disso tem sentido se o sentido anterior a tudo isso não está revelado. Se a intenção primeira das coisas não está revelada, então, o conteúdo e os resultados sempre serão manipulados por aqueles que detêm o conhecimento dos processos. Essa é a eterna busca, essa é a necessidade de reflexão: Entender o conteúdo oculto para poder converter a prática em algo que tenha sentido para aqueles que se apropriam das teorias.
Uma das coisas mais interessantes para se analisar quando somos estranhos na cultura do outro é à força dos vínculos e das construções coletivas sobre os mesmos signos, símbolos e valores. É como estrangeiro que, no nosso caso de brasileiros, mais sentimos a necessidade do verde-amarelismo. Essa coisa louca que não tem materialidade, mas, exerce uma influência pragmática indiscutível. É esse movimento que faz com que os semelhantes (compatriotas) se identifiquem e se reconheçam ainda que completos ignorantes da intimidade alheia, mas, que se permitem aprofundar em contatos e descobrimentos distintos de estranhamento por que sabem que no fundo, na essência ou nas características mais intimas compartilham os mesmos códigos, valores sociais e memórias coletivas.
A beleza de sair de casa e não encontrar mais dos mesmos é tão grande que o estranhamento é diretamente proporcional a essa abertura cultural. Ter que provar a todo instante que os fluxos de raciocínio e a maneira de sistematizar os pensamentos obedecem a um conjunto de regras é instigante, renovador e revigorador. Contudo, perde-se muito da capacidade de justificação, pois, as experiências espaciais, sociais e afetivas não refletem necessariamente o mesmo sentido de pertencimento e inclusão que se tem quando se compartilha os conteúdos da pátria materna. Principalmente por isso, é cada vez mais claro e necessário o respeito que eu sinto pelos professores que ajudaram a formar o meu background acadêmico, porém compartilhavam a mesma nacionalidade. Viver na pátria alheia é muito estranho, mas, ter que ensinar sob outros caldos culturais é ainda mais desafiador e revelador de fragilidades e necessidades de ampliação dos argumentos e do embasamento teórico.
Dessa maneira é que as atividades do cotidiano se preenchem de sentidos, afinal o sentido último das coisas não está revelado no aparente, mas, sim naquilo que é de mais essencial e está, indiscutivelmente, invisível aos olhos. Descobrir um país é antes de tudo mergulhar nos seus conteúdos históricos; é subverter a lógica desigual do controle do idioma; é construir relações sociais e espaciais que revelem os signos do estranho, mas, que revele interesse no mundo novo.
Ir à Universidade, preparar aulas, acordar cedo, pegar o metro, pesquisar nos livros e na internet, se relacionar com as pessoas, dar aula, realizar pesquisas, orientar alunos, sugerir bibliografia, receber nova bibliografia... Nada disso tem sentido se o sentido anterior a tudo isso não está revelado. Se a intenção primeira das coisas não está revelada, então, o conteúdo e os resultados sempre serão manipulados por aqueles que detêm o conhecimento dos processos. Essa é a eterna busca, essa é a necessidade de reflexão: Entender o conteúdo oculto para poder converter a prática em algo que tenha sentido para aqueles que se apropriam das teorias.