Comunicar as experiências é sempre um exercício bastante complicado, principalmente quando estão misturados emoções, desejos, etc... Acaba que tudo vira um garrancho em que a gente pensa que comunica, mas, na verdade, apenas expõe alguns sentimentos que na maioria das vezes vai ser entendido de maneira parcial pelas pessoas, e sempre controlado pela dose de saudade, empatia ou antipatia. É sempre assim que as coisas são. Por isso, gostaria de antecipar que estou muito feliz, e tenho certeza que não havia lugar melhor para estar, senão aqui, sob essas circunstâncias e sob a influência desse tempo histórico que vivo. Tendo isso claro, posso relatar, então que passar o aniversário longe de casa foi bastante complicado, ainda que repleto do carinho daqueles que estavam ao meu redor, sempre falta à família e infelizmente, infelizmente porque não sou correspondido, a atenção de quem a gente ama. Mas, processos sentimentais a parte, creio que o mais difícil é não ter os amigos por perto, até aqueles mais chatos que a gente gosta, mas, não sabe por que, até esses fazem faltam. Fez falta no aniversário, mas, fazem mais falta no cotidiano, na descoberta de novos gostos e na impossibilidade de compartilhá-los. Vivemos sim na era da informação, da
informática, das redes, mas, nada substitui o olhar compartilhador, a presença que envolve com calor, afeto, desentendimento, mas, que significa que existem dois, ou mais, corpos e almas dividindo toda aquela experiência nova. Nada perde a cor, nada deixa de ser bom, mas, eu tenho claro que sou um ser coletivo, não fui projetado para viver só e por isso, sempre acho que compartilhar é uma das chaves para fazer o mundo mais bonito, se não o mundo dos outros, ao menos o meu. Aí sempre tem aqueles que dizem:
A sua felicidade não deve estar condicionada a existência de ninguém;
você precisa se amar acima de tudo e de todos. Eu realmente sei dessas coisas e respeito muito esses princípios, mas, quem disse que para eu me amar tenho que virar um egoísta? Uma das formas mais belas de amar é entendendo e respeitando o outro, e é esse outro, q
ue faz contraposição do eu, que está me fazendo falta agora, mas, como tudo na vida é superação, eu espero superar esse meu lado dependente de afeto e conseguir me converter um pouquinho mais parecido com essa máquina fria que a sociedade nos obriga a ser todos os dias. Eu estou, de verdade, saturado dos formalismos, eu quero mesmo é que as pessoas sejam felizes e sem rótulos, seria muito bom se fossemos respeitados por aquilo que somos com os limites da nossa condição humana, mas, nem sempre é assim, nem sempre os nossos desejos confluem com os desejos do outro, e nesse movimento há aqueles que nos complementam e queremos perto, e há aqueles que não fazem nosso estilo, e por isso os deixamos longe. O mais escroto de tudo é que nesse momento eu só queria alguém. Tem alguém aí??